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Djehuty

Sobre o Hermetismo Atual

     Muitos podem dizer que todo o material apresentado nesses temas nada tem a ver com o Hermetismo da época dos antigos egípcios. Em parte isso é verdade, pois não analisamos as figuras, desenhos e hieróglifos, visto que nosso intento é o de traduzir os ensinos herméticos em linguagem clara e atual. Durante séculos, os ensinos herméticos seguiram o modo de expressão clássico, de épocas passadas; ótimos livros foram escritos para ensinar o Hermetismo e mesmo modernamente ainda têm sido publicados, mas sempre usando a linguagem simbólica e velada. Atualmente podemos citar Moustafa Gadalla  que, através de excelentes livros[1], vem estabelecendo uma ponte de ligação entre o simbolismo das figuras egípcias e os conhecimentos atuais da Física. 

     A nosso ver, o surgimento da Vˆ.'.O.'.ˆH.'.ˆ vem trazendo o Conhecimento Antigo de forma atualizada, comparando os ensinos Herméticos com os modernos conceitos da Física, especialmente daqueles ligados à Teoria Quântica, e usando linguagem atual para o ensino do Hermetismo Tradicional. O que temos escrito vem obedecendo esse critério. Visamos apresentar conhecimentos tradicionais do Hermetismo em linguagem contemporânea, estabelecer analogias com conceitos científicos modernos, com filosofias mais atualizadas, religiões e pensadores que surgiram bem depois do ocaso da Civilização do Egito Antigo e ainda mostrar que eles essencialmente em nada diferem do pensamento antigo mediante o uso de uma forma de linguagem que está defasado, ou superado. O necessário para mostrar  e que integram o acervo de conhecimento.

     Muitas vezes pessoas se surpreendem quando afirmamos que nosso trabalho tem como base os ensinos de Thoth, mas deixando de lado as figuras clássicas do Antigo Egito, usando ao invés delas, exemplos comparativos com elementos atuais, oriundos da ciência moderna até mesmo baseado na Teoria Quântica. Mas, o nosso intento é preencher uma lacuna existente entre os ensinamentos antigos e os modernos. Evidentemente muito do que falamos não era falado dessa forma nas civilizações antigas, mas a finalidade do nosso trabalho é o estabelecimento de uma ponte de união entre o passado e o presente, no tocante aos conhecimentos místicos e metafísicos, entre a forma como eram falados e como o podem ser atualmente.

     Mesmo que se considere o tremendo desenvolvimento dos conhecimentos místicos dos antigos egípcios, ainda assim muitas explicações dadas pelos místicos atuais não eram apresentadas da forma como é feito atualmente, mas o que importa é mostrar que o legado deixado pelos antigos se adapta perfeitamente ao pensamento filosófico clássico e atual, e mesmo aos enunciados científicos atuais. O que precisa haver é o estabelecimento de uma “ponte” entre a linguagem simbólica antiga e a linguagem usual moderna.

     Evidentemente no passado o Hermetismo não falava diretamente sobre proposições atuais da Teoria Quântica visando explicar a natureza de muitos fenômenos ligados à Mente, mas deve ser lembrado que Thoth (Hermes) ao dizer em seu Primeiro Princípio: “O Universo é Mental”, não deixa dúvida de que sabia e ensinou isso com outro modo de expressão. Vemos assim que, ao invés do Hermetismo ser desfeito pelos conhecimentos mais elevados da Física e da Matemática moderna, ele é fortalecido, pois muito daquilo que não passava de especulações filosóficas, hoje encontra embasamento científico, razão pela qual vem se tornando matéria inerente aos avanços atuais da Metafísica.

     Mas, não se pode dizer que os Antigos Egípcios tinham conhecimentos elevados de Física, de Metafísica, e de Matemática, mas não se pode negar que o desenvolvimento deles era muito avançado, haja vista os problemas matemáticos e geométricos necessários para a construção das pirâmides, por exemplo.

     Não se pode dizer com precisão, como os ensinamentos filosóficos e científicos eram expressos no Antigo Egito, nem comprovadamente saber o nível metafísico alcançado por aquele povo, contudo os ensinamentos de Thoth (Hermes) são um sinal de que eram conhecimentos de alto nível, pois atualmente eles encontram respaldo nas teorias: Quântica e da  Relatividade.

     Muitas pessoas discordam de que houve grande avanço dos egípcios em campos científicos como os propostos pela Física e por outros ramos das ciências atuais. Alegam que um povo cientificamente avançado não poderia ter religiões “rudimentares”, quais as do Egito Antigo, em que havia até mesmo aceitação de formas animais como divindades. Mas, o que acontecia, sabe-se bem, era que parte dos ensinamentos era transmitida simbolicamente, e a razão disso baseia-se nos motivos mencionados sobre a origem das Escolas de Mistérios [2] e o Obscurantismo. Assim as Escolas de Mistérios adotavam a linguagem simbólica para ocultar conhecimentos, para que eles só fossem entendidos pelos Iniciados, protegendo-os do peso da mão do obscurantismo.

     Se, por um lado, a linguagem dos símbolos era usada para velar os conhecimentos não permitidos aos profanos, por outro, estava sujeita a favorecer o surgimento de desvios, desde que muitas interpretações nada têm a ver com o propósito básico do símbolo. Assim, muitas informações e interpretações podem ser sacadas de um determinado símbolo. O conhecimento oriundo de um símbolo pode estar sujeito a muitas interpretações, algumas até mesmo opostas ao propósito básico, consequentemente facilitando até mesmo a deformações da idéia.  Como exemplo: O meandro deixado pelo deslocamento de uma serpente na areia, assinalam uma senóide, e a senóide é a representação geométrica do Princípio da Vibração (Princípio Sagrado). Contudo, nada proíbe que alguém atribua à própria serpente – o animal – um caráter sagrado passando então a ser aceita e venerada como divindade, e daí, estabelecidos cultos e mesmo religiões ligadas. Assim é que muitas pessoas, que ainda não têm nível de clareza suficiente para entender o princípio oculto de uma senóide, acabem divinizando a serpente [3] .

     Como geometricamente a senóide representa o alicerce desse mundo objetivo, imanente, em que a vibração é a base de tudo, naturalmente os meandros da serpente podem dar a entender que até mesmo uma religião pode ser estabelecida a partir de uma interpretação errônea de um desenho - símbolo. Por razões assim, aqueles que não eram iniciados acabam atribuindo muitas formas zoomórficas aos deuses da Antiguidade.

     Por tudo o que dissemos nos parágrafos anteriores, podemos afirmar que o nosso intento  e o da Vˆ.'.O.'.ˆH.'.ˆ é o de apresentar o conhecimento dos antigos sem necessitar de meios ocultos, isso porque estamos vivendo uma época de grandes transformações e mesmo de liberalizações, o que permite aos que detêm conhecimentos metafísicos elevados não serem punidos e até mesmo sacrificados. Mas, mudanças não são rápidas, elas não ocorrem de um minuto para outro e é por isso que ainda há grande resistência aos que pretendem tirar o véu de mistério que envolve o conhecimento tradicional. Grande parte dos místicos ainda prima por manter velados certos conhecimentos, sem que se dêem conta de que princípios escondidos não têm tanto valor prático quanto se possa acreditar. Jesus em uma parábola disse: “Não se deve acender uma candeia para colocá-la em baixo do alqueire”. “Ninguém acende uma lucerna e a põe em lugar escondido, nem debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, para que os que entre,m vejam a luz” Lucas 11 – 33.

     O conhecimento deve ser dado a todos os que possam deles fazer um bom uso. No passado, certas verdades tinham que ser ocultadas para que pessoas e organizações não se tornassem vítimas do terrível algoz – o obscurantismo. Hoje, conhecimentos de Matemática, Medicina, Geometria, Arquitetura e outros que integravam os ensinamentos das Escolas de Mistérios, vêm sendo curriculares nas próprias escolas básicas, nas universidades, sendo livremente publicados em incontáveis livros e revistas, mas isso não era possível em determinados momentos da História. Coisas que no passado eram zelosamente veladas têm sido livremente divulgadas em nossa época, incluindo-se ensinamentos curriculares das escolas. Assim sendo, não tem sentido em manter velados os conhecimentos metafísicos e espirituais, enquanto os demais que integravam o Hermetismo no Antigo Egito estejam totalmente disponíveis através de inúmeros meios de divulgação. Evidentemente nem tudo deve ser difundido, em especial quanto ao “modus operandi” de muitas artes alquímicas, mágicas, e cabalísticas, mas falar sobre a existência delas e explicar em que se baseiam não tem por que ser considerado algo inconveniente, desde que não se forneça a “receita” e o respectivo “modo de preparar”.

     Mas o que importa é considerar que tudo o que se diz atualmente em nível de hermetismo, na verdade não se trata de algo novo, de algo que não era conhecido dos egípcios, a não ser a nova linguagem usada. O que se ensina atualmente não vai além de ensinamentos antigos, apenas apresentados em linguagem e métodos atualizados, e é isso o que faz com que possam parecer um tanto diferentes, mas no que diz respeito ao conhecimento essencial. Quando os egípcios eruditos aceitavam as palavras de Thoth na afirmativa de que “O Universo é Mental”, eles até podiam ter mais dificuldades de entender do que nós na atualidade, em que podemos contar com o auxílio da Física moderna, que envolve as bases matemáticas da Teoria Quântica, da Teoria da Relatividade, da Física de Partículas e de outras especialidades que no passado ainda não eram conhecidas. De forma alguma estamos afirmando que todos os conhecimentos que envolvem as proposições modernas, constituíssem mistérios escondidos por trás de símbolos ou coisas assim, no passado remoto. Os sacerdotes eruditos sabiam muito bem como trabalhar com esse nível de conhecimentos, sem que precisamente adotassem a Metafísica tal como a conhecemos hoje, mesmo que não utilizassem a metodologia de Física direcionada como hoje acontece no tocante às Teoria da Relatividade e Quântica, o que importa, é que por outros meios, chegaram às mesmas conclusões sobre a natureza do universo, mediante meios distintos dos que temos chegado, atualmente. O importante é se ver que os conhecimentos do passado e do presente são idênticos, de forma que o Hermetismo pode facilmente ser representado por conceitos mais modernos, que não se constituem de coisas arcaicas. Arcaica pode ser considerada a linguagem usada no passado, mas não, a essência do conhecimento explícito e nem a simbologia. Corrigida a linguagem, o Hermetismo de hoje é tão atual quanto o do Antigo Egito. É visando isso que a VˆOˆHˆ trabalha, na tentativa de explicar conhecimentos tradicionais em linguagem e bases atualizadas, desde o modo como, durante milênios foram usados. Por isso podemos dizer que o que precisamos de agora por diante é trazer os ensinamentos em formas de expressão atualizadas, para que possam mais facilmente ser aceitos pelas pessoas da atualidade.

     Quando os egípcios aceitaram ser mental a natureza do Universo, tudo o que se veio a compreender antes e depois – na época atual –, especialmente no que diz respeito à Mente, não acrescentou nada de novo ao Primeiro Princípio citado por Thoth. Tudo o que a psicologia atual possa dizer a respeito do comportamento da mente está implícito nesse princípio. O mesmo acontece com referência à Metafísica. Tudo o que ela explana na atualidade a respeito da natureza do Universo, tem como base os 12 Princípios Herméticos. Tudo quanto a Teoria Quântica afirma, na verdade não vai além do que afirmam aqueles Princípios. Trata-se de uma explicação atual sobre um princípio antigo.

     Assim, o que temos escrito, pode parecer nada ter a ver com o Hermes, que estamos usando indevidamente o nome Hermetismo para expor proposições nascidas depois. Isso não é verdade, o nosso intento, e de outros membros da Vˆ.'.O.'.ˆH.'.ˆ, é o de trazer o Hermetismo para o mundo atual, para a compreensão atual, para a ciência e filosofia atuais, sem repetir nomes que não significam muito para as pessoas atuais. O mesmo dizemos com relação à ocidentalização das doutrinas orientais. Comumente usam o vocabulário de origem que envolve palavras de difícil memorização, e cujo significado, muitas vezes, foge à compreensão dos ocidentais. Por isso, os exemplos que damos em nossas palestras, de preferência são verbalizados em linguagem ocidental atual para que o verdadeiro sentido e significado possa ser compreendido com precisão. Por isso temos apresentado os ensinos de Thoth que compõem a Doutrina Hermética, em linguagem filosófica, cientifica e psicológica, porém moderna. O mesmo podemos dizer da Cabala que no Ocidente sempre se limita ao Hebraísmo, quando na verdade ela transcende até mesmo ao Antigo Egito.

     Os Princípios Herméticos são modelos aos quais se podem aplicar quaisquer tipos de conhecimentos de qualquer época, isso porque se trata de verdades universais, que até mesmo podem ser aceitas como LEIS DE DEUS.

 

 

 

 

[1] No Brasil foi editado um livro do referido autor, pela Editora Madras – COSMOLOGIA EGÍPCIA – Moustafa Gadalla.

[2] Em temas anteriores – 0220 – 0221 – 0222 falamos sobre a origem e o porquê das Escolas de Mistérios.

[3] Há um outro sentido metafísico para a serpente. Trata-se do ouroborus, uma serpente mordendo a própria cauda e formando um circulo. Isso simboliza o Infinito (círculo)

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