Introdução ao Estudo do Princípio Mental
Em palestra anterior dissemos que Deus infinito tornou-se finito na creação. Em realidade devemos salientar que a palavra mais precisa não é se tornou e sim se manifestou. Melhor dizer que Ele Infinito tirou de si o Ele Finito, pois o finito está contido no infinito. A palavra “tornou-se” faz supor transformação e no Infinito não cabe transformação alguma.
Todas as transformações finitas são partes integrantes do Infinito. O infinito que não puder conter em si todos os finitos possíveis, por certo ele não é infinito. Assim, Deus, como Poder Superior, não se tornou propriamente finito, mas sim apresentou na creação o seu aspecto finito (Força Superior) que já estava contido em Si. Deus, o Continuum, apresentou-se no Mundo Imanente como descontinuo que é a Sua própria face finita.
É natural que alguma pessoa tenha dificuldade em entender como o Poder Superior possa ser finito. Na realidade Ele continua Infinito, mas manifestando um aspecto finito no que diz respeito à creação. A creação é limitada, é finita e contida no ilimitado. Claro que o Infinito (Poder Superior) necessariamente tem que conter o finito. O finito tem que fazer parte dele porque, se não o fizer, algo está fora, ausente do infinito e neste caso seria um infinito incompleto, e sendo algo incompleto logicamente deixaria de ser infinito.
Nas duas palestras anteriores mostramos algumas características do Poder Superior em se tratando de Infinito. Demos ênfase à condição do infinito não poder se expandir, ser acrescido, diminuído, e nem transformado. Mostramos que coisa alguma pode ser creada dentro do infinito, e ser ele um continuum e que como tal transcende a espaço e tempo – Tempo linear, bem visto.
O infinito comporta-se como uma “singularidade” no sentido restrito do que preceitua a física. Um “vazio quântico”, algo que tudo contém num espaço zero e numa cronologia zero. Como infinito, a criação não pode ser uma expansão daquela singularidade, uma expansão do infinito, pois esse não pode se expandir sem que se extinga. Também não os eventos inerentes a uma criação poderiam ocorrer porque o fluir to tempo no infinito é igual à zero.
No infinito a criação não poderia decorrer num eon, num século, num ano, numa hora, num minuto, num segundo, num centésimo, milésimo ou em qualquer n ésimo de segundo, porque, por menor que seja a fração considerada, ainda seria tempo cronológico e como tal indicaria que no infinito existiria o “fluir de tempo”. O mesmo se pode dizer quanto ao espaço, num ponto, ou numa fração n ésima de espaço.
Assim a creação e tudo quanto há em nível de infinito, portanto em nível de Poder Superior, tem que ser zero em tempo e zero em espaço. Uma condição assim é inerente àquelas características do Poder Superior, do Absoluto, e que corresponde exatamente àquilo que é conhecido como Consciência Cósmica.
Os fenômenos ligados à Mente, e sabe-se bem, não envolvem espaço algum e nem tempo algum, tudo é o aqui e o agora. Um pensamento pode estar aqui e num tempo zero estar nos confins do universo. O pensamento, por exemplo, é instantâneo, para ele não existem distâncias, portanto está fora de tempo do espaço.
O TODO É MENTE – O UNIVERSO É MENTAL. (O Caibalion)
Eis um imenso paradoxo, o mundo creado parece não poder existir, mas ao mesmo tampo sabemos que ele existe, que estamos nele, que estamos diante de espaço e tempo. Como entender esse paradoxo? - Essas coisas, por um lado, inexistem como infinito, mas existem como finito. A creação não pode haver saído do infinito desde que infinito não tem dentro e muito menos fora e não pode ser acrescido nem diminuído.
O UNIVERSO É UMA CRIAÇÃO MENTAL DO TODO E TEM EXISTÊNCIA NA MENTE DO TODO, NA QUAL VIVEMOS, MOVEMO-NOS E TEMOS A NOSSA EXISTÊNCIA.
Para o absoluto o Universo não existe como coisa, é uma Manifestação Mental, mas para o relativo existe, Não existe objetivamente no continuam, mas sim no descontinuo.
Para conciliar essas situações antagônicas têm que ser admitida a afirmativa de o universo não é mais que uma condição mental. Os metafísicos sabem, os místicos também, e Teoria Quântica endossa o seguinte preceito: A CREAÇÃO, NA SUA ESSÊNCIA, NÃO É UMA COISA, MAS UM ESTADO.
O Universo é um estado da Mente Cósmica. Em nível de Mente Cósmica, em nível de Infinito ele é apenas uma condição, mas como finito é uma realidade objetiva. O finito é imanente ao infinito, tem suas qualidades próprias, mas todas elas inexistem em tempo e espaço em nível de infinito, mas sim em nível de finito.
Vimos que em nível de Infinito, em nível de Poder Superior não pode haver Universo objetivo algum, assim também infinito algum. Em nível de infinito o universo está contido e imanifesto, é apenas algo mental, e em nível de universo o infinito está imanifesto. Não é propriamente um pensamento, mas um estado da Mente Cósmica indefinível e incognoscível para os seres relativos.
Como não há tempo em nível de infinito o Universo em nível do Poder Superior nunca foi creado e nunca será desfeito. Coisa alguma pode sair do infinito. Sair do infinito, para onde, se o infinito é o tudo absoluto? Conseqüentemente só pode ter existência aquilo que existir nele.
Ao infinito, coisa alguma pode ser acrescida, diminuída, ou mesmo transformada, pois se assim não fosse tudo isto antes estava, e agora estaria, fora dele, e infinito não tem “fora”.
Agora queremos evidenciar que não pode haver transformação real no infinito, por isto se diz que o Poder Superior é imutável.
Para entendermos o porquê de não existir mais do que uma creação, voltemos a um exemplo dado num tema anterior em que falamos de uma estatueta esculpida num bloco de madeira. Dissemos que qualquer estatueta que venha a ser esculpida não é uma criação do escultor, este é apenas um instrumento que retira do bloco a estatueta. Ela não é creada, pois a mente em sua manifestação relativa não é creativa. Só a Mente Cósmica é Creadora. A estatueta está contida, ela é apenas uma, entre uma infinidade de outras estatuetas e de outras coisas possíveis. É uma das alternativas possíveis dentro do bloco, imanente ao bloco de madeira. Se a estatueta não fosse uma condição imanente ela não seria criada de foram alguma pelo mais exímio artista. Se não vejamos: Do bloco de madeira não se pode retirar tudo, somente aquelas coisas a ele imanentes. Vejam como as coisas já preexistem. É possível se fazer surgir uma estatueta de um bloco de madeira, por exemplo, mas não se pode fazer o mesmo a partir de um volume de água liquida.
Se o escultor tivesse realmente a capacidade de crear ele esculpiria a estatueta a partir de qualquer coisa. Mas, não é assim, ele só a esculpe a partir daquilo em que ela preexiste, portanto as coisas nunca são realmente criadas e sim manifestadas a partir da pré-forma da forma, como diz o físico David Bohm.
Porém é possível modificar a natureza aparente da água, ou seja, atuar de tal forma que ela manifeste o seu caráter de solidez (gelo), e assim torna-se possível fazer surgir do bloco de gelo à estatueta. Há a necessidade da transmutação de um estado para outro, mas essa transmutação (água líquida / água sólida) já é inerente à água. A possibilidade de se tornar sólida é uma condição imanente da água. Assim, no Universo sempre uma coisa é imanente a uma outra e são os Princípios Herméticos que inter-relacionam tudo quanto há.
Passo a passo as coisas podem ser transmutadas até chegar ao princípio primeiro de tudo. Mas é bom que se perceba que nenhum estado “vem de fora”, todas as coisas são manifestações de algo imanente, inerente a uma outra. Assim tudo está contido, não existe nada de novo no universo. Transformação, alquimia quer física quer mental é a manifestação de estados preexistentes, de condições imanentes.
Não é muito fácil se entender tudo o que foi dito nesta palestra, para que se venha a ter uma compreensão clara é mister que este tema seja lido atentamente muitas vezes procurando-se acompanhar pelo sentir.
Entender o Absoluto é impossível, mesmo que se trate de frações, pois a mente humana em sua condição limitada nega-se a aceitar tudo o que lhe for transcendente. Mesmo assim embora não seja fácil é possível porque mente é uma só, aquilo que chamamos nossa mente é um estado imanente da Mente Cósmica, ou seja, uma forma imanente de manifestação.
Vivenciamos um Universo objetivo, finito, onde nos damos conta da existência de tempo e de espaço, mas ele está no Infinito e não fora dele. Aquilo que tem tempo cronológico e que ocupa espaço por sua vez está contido num Infinito onde nem existe tempo cronológico e nem espaço.
Este é o maior dos mistérios, que alguns espíritos podem sentir um tanto dele, mas não tudo a não ser quando houver a unificação com o ABSOLUTO. Eis o GRANDE MISTÉRIO DA VIDA.
Tudo é imante na mente, tudo é mental, todas as coisas são estados de manifestação do PRINCIPIO MENTAL DO UNIVERSO.