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"Difícil não é a compreensão, é querer compreender”. M.G.

A Anulação da Polaridade

 

Nesta série de palestras vimos que o universo conscientizavel só existe porque existem alguns princípios, chamados de Princípios Herméticos, e entre eles o da polaridade. Evidentemente as coisas só se tornam conscientizáveis, portanto existentes para a percepção, quando ocorre a polaridade e assim sendo tudo quanto é objetivamente percebido é resultado da polarização.

 

Já dissemos que o estado de pureza polarizou-se até se tornar impureza, a treva resultou da polarização da Luz. Os opostos muitas vezes parecem coisas diferentes entre si, mas na realidade é fruto da polarização. Desta forma treva e Luz são polarizações de uma mesma coisa, pontos opostos de uma mesma condição, tanto são assim que a treva não existe na presença da Luz porque ela não é algo independente capaz de existir por ela própria, e sim uma polaridade da própria Luz, o que em outras palavras significa apenas uma condição de afastamento. Aproximando a treva da Luz aquela vai se atenuando, vem se tornando menos trevas, tornando-se, portanto, mais clara, até que ao chegar na Luz ela praticamente desaparece. Com a diminuição da bipolaridade a treva consequentemente desaparece e restando apenas a Luz.

           

Tendo-se em mente a problemática da humanidade, entre esta o porquê do sofrimento, é fácil percebermos que isto nada mais é que um dos resultados da polarização. A polarização do bem naturalmente é o polo oposto, o mal e vice-versa.

           

Agora vejamos o seguinte: De certa forma, a polarização é o fator determinante da complexidade das coisas. Quanto maior for a polarização, quanto maior for a distância, o afastamento da origem, tanto maior será o número de resultantes. Já temos mostrado que quanto mais há afastamento da origem tanto mais complexo torna-se o mundo. Pela própria “Árvore da Vida” vemos isto. A nível da Tríade Superior as complexidades são mínimas. Ao Nível de Kether só pode existir o sim e o não, o  é e o não é, portanto um sistema binário, um sistema de base  2.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A nível de Kether o mundo só poderia caminhar ou no sentido da treva ou no sentido da Luz, ou da Simplicidade para a complexidade, do UM para o múltiplo.

Como Kether já é a própria Luz é claro que só existia mais uma possibilidade, a de ser treva. No perfeito só existe uma opção a mais, a da imperfeição; no amor só existe uma, o desamor; e assim por diante. Só existem dois caminhos, ou um ou outro. Vemos que no primeiro desdobramento do UM só existe uma possibilidade a mais. Sabemos que este mundo onde vivemos existe 96 níveis de dificuldades desde que o desdobramento não é em progressão aritmética com índice 2 mas sim com índice 7 e disto resulta que no nível da matéria densa a complexidade a multiplicidade, é tremenda. (Vide tema 405 ).

           

Podemos perceber que, se o mundo inferior é o resultado de múltiplas polarizações, da queda de uma condição, naturalmente as coisas diabólicas representam um afastamento do polo da Perfeição Divina, portanto tudo aquilo que não é UM é um nível de afastamento, e qualquer nível de afastamento, qualquer polarização é um caminhar no sentido oposto a Deus, e sendo assim mais ou tanto menos diabólica é qualquer coisa que haja se afastado do UM.                                  

           

Dentro do enfoque dado pela D.R.D. (Doutrina do Reflexo Divino[1]), que estuda o universo como se ele fosse um sistema de espelhos. É  exatamente a polarização que constitui a geratriz, a origem, dos espelhos da criação. As coisas foram, e são criadas, na medida em que a vibração diminui e como as coisas são os espelhos, é claro que tanto mais afastamentos mais coisas e consequentemente também mais espelhos. Quanto maior o número de espelhos mais complexas e alteradas são as imagens pois as reflexões são multiplicadas. Também tem que ser levado em conta que quanto mais afastado da origem tanto mais espelhos são criados, resultando disto um aumento de complexidade. Por outro lado o número de espelhos é tanto maior quanto mais afastados  estiverem a origem e tanto pior a imagem refletida.

           

Assim sendo do distanciamento resulta a complexidade, a maior fragmentação do UM. Portanto a volta ao UM implica na aproximação, na redução do número de espelhos.

Quanto mais distante estiver o espelho mais esmaecido é a imagem nele refletida. Podemos assim entender que a volta à origem, significa diminuição da distância entre o espelho e a origem daquilo que está sendo refletido e disto, consequentemente, resulta a imagem mais fiel.

 

KETHER É O PRIMEIRO ESPELHO DE DAAT

 

Assim podemos entender que Deus é a Primeira Imagem, o Primeiro Reflexo, a Primeira Luz do Poder Superior no Universo. É o primeiro reflexo da Perfeição Infinita que é o Poder Superior, mas mesmo assim ainda é um reflexo.

Deus, no esquema do Universo, é representado por Kether, e é o primeiro Espelho da Creaçao. A esse nível o distanciamento ainda é mínimo, diferente do que ocorre no nosso mundo em que tudo o que existe são reflexões sucessivas de espelhos para espelhos, numa imensa sucessão. São imagens como aquelas que vemos quando um espelho é colocado diante de um outro. A imagem formada é cada vez menor, menos clara e mais deformada, portanto menos perfeita. Por outro lado em Kether a imagem é a primeira portanto a mais perfeita de todas, com apenas um mínimo de distorção. Os demais sephirot são espelhos diante de espelhos por isto a imagem é muito atenuada, muito deformada.

 

Eis a razão pela qual, a nível de Kether, já existe um nível de declinação, se assim não fosse não haveria espaço, nem tempo, e nem quaisquer das leis e princípios fundamentais do Universo. Vemos porque a complexidade ali é mínima, é o ser ou o não ser apenas.

 

Esse conceito, de Deus não ser a perfeição absoluta como muitos acreditam e que é dado a entender por várias doutrinas que falam da Criação, e especialmente mostrado pela  D. R. D. por certo abala com muitas pessoas não devidamente preparadas para receber altos conceitos metafísicos. Mas queremos lembrar que mesmo para a ciência o universo é limitado e sendo assim ele não pode ser infinito. O infinito não tem limites, assim sendo o Universo não é o absoluto. O absoluto é o Cosmos. Deus é a expressão máxima do universo, portanto ele não é Infinito Poder Superior Absoluto.

 

DEUS É APENAS A MAIS PERFEITA IMAGEM DO PODER SUPERIOR ABSOLUTO REFLETIDO NO ESPELHO DA CRIAÇÃO.

 

Se nós somos reflexos de Deus, somos imagens tanto mais tênues quanto mais distantes estivermos Dele. Não se trata de distância física e sim de distância em todas as condições e qualidades. O ser a fim de se unificar tem que ser anulada a distância entre o espelho e a origem. Assim sendo os espelhos são em número muito elevado, portanto são miríades de aproximações que têm que ser feitas na vida de  cada um de nós. Isto não é muito fácil desde que a complexidade no plano material é tremenda, conforme mostramos no tema 405, onde dissemos que se os desdobramentos fossem lineares, mesmo assim esse mundo haveria  96 vezes mais dificuldades de existir do que no primeiro porém como os desdobramentos são em progressão geométrica de expoente 7, então, o número resultante é elevadíssimo, no plano material atinge um valor assombroso.

Até se chegar ao primeiro, uma quantidade imensa de espelhos tem que ser eliminada. Vemos que, na medida em que os espelhos da sucessão vão sendo eliminados, a imagem torna-se cada vez mais nítida e menos deformada. Quando o espírito se vê “perdido” naquele mar de espelhos de que fala o Mito de Sophia, ele tem que compreender que tudo aquilo nada mais é do que um “mundo” de reflexos e espelhos, portanto algo que é uma REALIDADE (um aspecto subjetivo ), mas não uma ATUALIDADE ( aspecto real ). Em outras palavras, tratar-se simplesmente de uma ilusão, ou como chamam os orientais, o Mundo de Maya. Sendo assim o que o ser tem a fazer é conscientizar-se disto e naturalmente afastar-se da multiplicidade de espelhos e colocar-se diante do Primeiro deles.

 

Um outro aspecto importante, se tenha em mente que o Primeiro Espelho permanece no seu lugar, pois não existe nenhum outro acima Dele para ocupar-lhe a posição se dali ele fosse retirado. Como a sucessão de espelhos foram desdobramentos do primeiro, a volta significa a eliminação de todos até restar apenas o Primeiro. Quando somente houver um espelho resta ainda passar para o outro lado. Isto veremos em palestra futura.

Essa sucessão de espelhos simboliza o  Princípio da Correspondência, em que um espelho de nível mais inferior mesmo que de forma mais tênue ainda assim reflete a imagem do nível imediatamente superior

 

ANULAÇÃO DA POLARIDADE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

        

 

[1] Em inglês DIVINE REFLEX  DOCTRINE. No Brasil é uma adotada pela Ordem do Espelho Sagrado.

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