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“Como a luz pode ser explicada a um homem nascido cego?”

O Princípio do Gênero

 

O Princípio do Gênero, muitas vezes, tem sido confundido, pelo estudante do Hermetismo, com o Princípio de Causa e Efeito, e até mesmo com o Princípio da Polaridade. Na realidade ele mostra como os dois outros princípios citados se apresentam na natureza.

           

O Princípio do Gênero, embora não seja o mesmo que o da polaridade, ainda assim tem semelhanças em muitos aspectos, pois todo gênero é uma polaridade, mas nem toda polaridade é um gênero.

           

No Universo tudo é ativo / passivo; positivo/ negativo; masculino / feminino; Verão/ inverno; primavera /outono; lua cheia/ lua nova; lua /crescente/lua minguante; norte/sul/; leste/ oeste, etc.. (Princípios da Polaridade)

           

Antes da Creação existiam dois Princípios Cósmicos imanifestos, que os Sacerdotes do Olho de Hórus denominavam RA e MA. Pelo Querer do Poder Superior RA atuou sobre MA determinando uma vibração e então ocorreu o “Fiat Lux”, dando origem a Creação. Por haver RA atuado sobre MA ele é considerado ativo, masculino, positivo; e MA considerado, receptivo, passivo, feminino..

           

MA vibrou pela ação de RA e gerou o Universo, então, RA foi considerado o lado ativo do Creador do universo, portanto masculino[1]. Em relação a MA o Universo é feminino. Usemos uma metáfora para explicar melhor. Suponha-se uma tábua e um prego. O prego perfura a tábua, logo ele é o elemento masculino, ativo, positivo em relação à tábua. Mas o prego só atuou sobre a tábua pela ação de um martelo, logo o prego em relação ao martelo é passivo, receptivo, feminino; e o martelo ativo, positivo, masculino. Por sua vez o martelo é passivo em relação ao braço – músculo – que o impulsiona e este, embora seja ativo em relação ao martelo, é passivo em relação ao impulso nervoso que comanda o braço. Por sua vez o nervo, embora ativo em relação ao músculo, é, por sua vez, passivo em relação ao cérebro, este embora ativo em relação ao músculo é passivo em relação às substâncias químicas que o constituem, e assim por diante.

           

Através desse exercício mental chega-se a um ponto em que houve um querer – em nível consciente ou subconsciente – que originou o processo. Mesmo que tudo haja tido origem numa reação química em obediência a uma lei, ou algo semelhante, devemos ter em mente que aquela lei existe porque houve um querer para que ela existisse. Assim, todos os caminhos levam sempre a uma origem que é o querer.

           

O querer de alguém fez com que o prego, através daquela cadeia descrita, penetrasse na madeira. Se seguirmos a citada cadeia, ou quaisquer outras, sempre se chega ao querer, quer seja o querer manifesto numa pessoa ou o querer da origem de tudo.

           

Na origem de tudo, o Querer Cósmico agiu sobre o Nada[2] e estabeleceu-se então a primeira cadeia de manifestações da mente com o surgimento dos Princípios Herméticos, que compreendem, Princípio do gênero, da polaridade, da vibração, do ritmo, de causa / efeito, e da correspondência, o mental e mais alguns outros que não são citados diretamente nos ensinamentos de Hermes Trismegisto (Thoth).

           

Da cadeia básica derivou-se um incomensurável número de sub-cadeias, por isso seguindo-se o raciocínio que apresentamos chega-se sempre ao Querer Superior.

           

Vale salientar que não existem mais que um querer, o Cósmico. O querer, assim como a consciência, e alguns outros atributos, que pareçam múltiplos, na verdade são um só. As diferenças aparentes são resultantes da individualização do querer, da individualização da Partícula Cósmica, da individualização da vida. A individualização é apenas o resultado do envolvimento. Suponhamos um oceano no qual em dado momento miríades de partes congelassem em pequenos blocos. Evidentemente cada um dos blocos de gelo pareceria ser algo diferente do oceano, evidentemente haveria alguns aspectos diferenciativos, muito embora, em essência seria a mesma coisa. Assim é a vida, assim é o amor, assim é a Consciência, assim é a Mente, assim é o querer, e um tanto de outras coisas, que embora pareçam múltiplas, na verdade são manifestações de uma coisa única.

           

Do que dissemos antes podemos perceber que no exemplo inicial que demos tenhamos situado no cérebro o querer. Chegamos ao querer individualizado na pessoa, mas poderíamos continuar até chegar ao Querer Cósmico.  Ao nível do cérebro dissemos que a mente da pessoa quis começar aquela seqüência, mas poderíamos continuar, dizendo que o cérebro era passivo com relação às reações químicas a nível celular, as células em relação às substâncias químicas, essas em relação às partículas atômicas, essas em relação à energia, e assim por diante até chegar à causa primeira. Mas, quando citamos como Princípio o querer do indivíduo, embora “envolvido”, é o mesmo Querer Cósmico. Assim sentimos que tudo vem do Poder Superior e se manifesta em seqüências de uma coisa gerando outra sucessivamente.

           

Da seqüência iniciada em MA deriva-se um número inconcebível de cadeias subseqüentes e que qualquer uma delas sempre tem como ponto inicial o querer. Por outro lado, se prosseguirmos na seqüência de causa e efeito nos defrontaremos mais uma vez com o paradoxo de Zenão que conduz sempre ao Infinito.

           

Também, vejamos que entre uma e outra situação, entre duas coisas em que uma é causa e outra é efeito, cabe uma infinidade de situações intermediárias. Vejamos isso no exemplo do prego de da tábua. Porque o prego perfura a tábua? - Porque uma força é transferida de molécula a molécula, de átomo a átomo, e assim por diante. É como cadeias dentro de cadeias, “Árvores da Vida” dentro de cada sephirah, como na realidade acontece (vide fig. 2 tema 337). Na realidade todas as seqüências, todas as cadeias são “árvores” dentro de “árvores” na seqüência principal. Prolongando-se qualquer uma delas em qualquer sentido sempre se chega ao Querer.

           

Tudo o que é negativo em relação a uma causa é positivo em relação a um efeito. Como comentamos no exemplo inicial, o prego é causa, portanto masculino, ativo, em relação à tábua, mas ao mesmo tempo ele é negativo, feminino, passivo, em relação ao martelo; este é positivo, masculino, ativo, em relação à tábua, mas é negativo, passivo, feminino, em relação ao braço. Na natureza essa seqüência sempre se repete: Masculino / feminino / masculino / feminino... Ou  + - + - + - + - ... etc.

           

Considerando-se um imã magnético, como exemplo, pode-se sentir com clareza esse principio.  Tentem unir imãs e verão que somente é possível se estabelecer uma seqüência linear, formar uma peça composta por vários imãs, se unirem os pólos do imã sempre + - + - + -... ou - + - + - + Não é possível unir - -  e  + + pois eles se repelem.

           

Um trabalho de um motor elétrico, de uma lâmpada, só ocorre combinando-se + - . Numa lâmpada entra a polaridade positiva por um extremo e a negativa por outra e disso surge a luminosidade. Numa lâmpada com pólos + + ou  - - não ocorre luminosidade alguma, nas mesmas condições um motor elétrico algum funciona. Tentar isso é tolice desde que contraria um Princípio da natureza pelo que coisa alguma funcionará.

           

Assim como é em baixo é em cima, diz o Princípio da Correspondência. Assim ele se aplica ao próprio Princípio do Gênero, portanto aquilo que diz respeito a um motor elétrico, a uma lâmpada, por exemplo, diz respeito ao comportamento biológico. É o Princípio do Gênero mediante o que a geração de filhos é estabelecida pela união macho / fêmea. Tentar unir masculino / masculino ou feminino / feminino[3]  é o mesmo que querer unir pólos de mesmo sinal de um imã. A natureza repele isso por ser uma violação a um Princípio Universal.

           

Outro aspecto que queremos evidenciar diz respeito a uma propriedade deste Princípio. Seja qual a seqüência que for usada, sempre será evidenciado que o extremo mais inferior é sempre negativo, passivo, receptivo em relação não apenas ao que lhe antecede, mas também em relação ao primeiro da série. Naquela seqüência que usamos, na extremidade inferior está a tábua – passiva, negativa, receptiva, feminina - e na outra está o cérebro - ativo - positivo, masculino. Se a seqüência for ampliada os extremos mudam de polaridade de imediato. Suponhamos no exemplo, que o cérebro foi comandado por um querer; neste caso o cérebro passa a ser passivo, negativo, feminino porque o extremo da seqüência já é o querer e não mais o cérebro. O mesmo acontece se a seqüência for ampliada no sentido inferior.

           

Se uma seqüência for dividida, for interrompida em qualquer ponto, o extremo superior sempre será positivo e o inferior negativo.

           

Suponhamos um ímã em forma de barra. Se essa barra for seccionada em qualquer ponto cada uma das partes será um imã igual, pois ocorrerá uma polarização – gênero positivo e negativo – imediatamente. Por mais que seja seccionado não tem como separar os pólos – neste caso também se aplica ao gênero – ocorrerá à formação de um pólo + e um -.

 

Em uma estrutura constituída por uma série de imãs, se ela for dividida em porções cada vez menores sempre o princípio do gênero e da polaridade se farão presentes. Por mais próximo de um dos pólos que se seccione jamais será obtido um fragmento somente positivo ou somente negativo, sempre surgirão o positivo e o negativo. Isso tanto ocorre em nível mínimo quanto em nível máximo. O universo como fruto de uma vibração se polarizou, e surgiu o gênero, assim não tem como ele ser só positivo ou só negativo.

           

A fig. 2 mostra um outro aspecto da polarização e do gênero. Dois pontos que estavam juntos constituindo um só pólo de mesmo sinal passam imediatamente a constituir duas polaridades diferentes. Na fig. 2 vê-se o que ocorre se o imã for seccionado. Em qualquer ponto que se extraia um pedaço ele agirá como se fosse o imã inteiro no que diz respeito ao gênero e a polaridade. Um ponto que na cadeia íntegra é negativo, ao ser procedido um seccionamento aquele ponto se polariza em + - imediatamente. Uma parte da área secionada será positiva e a outra negativa, exatamente no ponto que se fez à secção. Aquele ponto que antes estava dentro de uma única polaridade, passa de imediato a apresentar uma polaridade oposta, para assim poder ser mantido a seqüência. Ocorrerá uma recomposição da seqüência a partir do ponto do corte. (Neste caso os dois princípios apresentam idênticas propriedades, ou seja, gênero e polaridade se apresentam com propriedades semelhantes).

           

Pelo que foi mostrado, no que diz respeito ao gênero, vê-se que é impossível se modificar a natureza do gênero de uma coisa. Não há possibilidade de se reverter o gênero por interferência em qualquer nível intermediário de uma seqüência.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           

Modificar o gênero seria introduzir uma outra unidade num ponto em que houvesse sido seccionada a cadeia. (Ponto assinalado pela linha pontilhada). Dessa forma, vamos admitir que num ponto qualquer seja tentado colocar um imã. (Fig. 2). É impossível ali ser colocado o imã na posição mostrada se não for obedecida a lei da polaridade. Não é possível intercalar um imã de forma que as polaridades sejam  + +  e - -  O mesmo acontece em eletricidade em que cargas de sinais iguais se repelem. A combinação + + e  - - é impossível conforme mostra a prática. Colocar o imã dentro da seqüência + - ou - + é possível. Vale salientar que não haverá modificação alguma quanto ao gênero, ela começará com+ e terminará com – ou vice-versa. Apenas haverá a ampliação da cadeia.

           

Do que mostramos acima fica claro que num mesmo sistema é impossível o gênero ser alterado por acréscimo ou por diminuição de parcelas, pois se secionando quer seja no pólo negativo quer no positivo a polaridade da seqüência se mantém sempre a mesma.

           

Isso tem importância prática porque nos ensina que para se modificar uma situação é preciso desdobrá-la, dividi-la em partes. Sabemos que os problemas são como cadeias, seqüências. Como vimos não se pode modificar uma cadeia isoladamente, no máximo se pode aumentá-la ou diminuí-la. Para modificar é preciso dividi-la em outras menores. Por isso na maioria das vezes para que se encontre a solução para um problema é preciso que pelo menos uma das integrantes partes seja desdobrada, seccionada.  A solução mais freqüente se encontra pela diminuição da seqüência, pelo encurtamento da cadeia e não pela modificação propriamente. Tentar se modificar uma situação é o mesmo que introduzir um outro imã seqüência, a polaridade continuará a mesma, pois a unidade introduzida se alinhará como as demais não havendo, portanto solução alguma. Por outro lado, dividindo-se uma cadeia, dividindo-se um problema, embora a natureza da seqüência permaneça idêntica, contudo haverá um “encurtamento”, uma diminuição de intensidade. Isso significa uma atenuação da polaridade. Assim, atuando-se dentro do Princípio do Gênero a solução pode se processar pelo Princípio da Polaridade.

           

Num ímã sempre existem duas polaridades, uma + e uma -. Por mais que se divida um imã cada subdivisão continua a apresentar essa mesma polaridade. Isso só terminaria no infinito, até chegar lá sempre será assim + - ... + -  ... + - ... Ambos os gêneros levam até Deus, até o Infinito que é Deus.

           

Dentro do que dissemos, a origem de tudo é a partir de UM QUERER, de um pólo positivo, masculino e donde, todas as seqüências derivaram-se. Tudo tem origem em MA, e essa cadeia básica tal como ocorre numa cadeia de imãs que se subdivida em miríades de outras. Como vimos antes, dividindo-se uma cadeia, seja em que ponto for, a polaridade e o gênero se conserva em qualquer cadeia resultante. Na gênese do universo o gênero inicial se conserva sempre, este é o porquê do “assim como é em baixo é também em cima”. Mostra que tudo no universo são apenas manifestações de gêneros, coisa alguma é distinta da origem.

           

Toda a coisa dentro da criação, quer em nível material, energético, emocional, e ou, intelectivo, sempre obedece ao Princípio do Gênero. Tudo o que se manifesta na natureza, no Universo, tem como origem a cadeia primordial começada em RA / MA (princípio primordial masculino / principio primordial feminino). Assim todas as coisas existentes são segmentos, são subdivisões da cadeia primordial, portanto o gênero se apresenta idêntico em todo o Universo, sempre tendo como extremo inicial, a polaridade +, ativo, masculino[4] e como extremo terminal a polaridade -, passiva, receptiva, feminina.

           

Seja qual for à cadeia considerada, ela sempre tem como origem o querer, que, por ser o primeiro elemento da seqüência, se convencionou chamar de positivo, ativo, masculino, havendo como oposto, o negativo, passivo, feminino.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            

Ilustração 1                                                                               Ilustração 2

 

O processo da creação visto pela “Árvore da Vida” tem como base o neutro – Kether – onde as duas polaridades estão unidas (Andrógino), a seguir se manifestam o masculino – Chokhmah –, e a seguir o feminino – Binah – A partir daí as seqüências - + se sucedem terminando no positivo (Ilustração 4). O ciclo dos espíritos creados começa com Binah feminino e termina com Chokhamah . Por isso certas doutrinas afirmam que a derradeira encarnação do espírito tem que ser em um copro masculino. Mas isso não indica superioridade. Um espírito pode se purificar em corpo feminino, apenas tem que vivenciar o masculino ao menos segundos. Se partiu no pólo negativo a chegada à origem tem que ser no pólo positivo, do contrário o ciclo não se fecharia, conforme fig. 2. Por essa ilustração se pode ver que tudo o que inicia na polaridade negativa completa o ciclo na positiva, e vice-versa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ilustração 4

           

Segundo algumas cosmogonias, entre elas aquela representada pelas Igrejas Cristãs, quando falam a respeito dos anjos creados, dizem que em determinado momento houve um movimento, chamado “queda dos anjos”, uma batalha, que teria ocorrido no céu de onde os anjos rebelados foram vencidos e lançados no abismo. Isso dá a entender que os anjos eram masculinos. Isso que deu origem a sérias discussões entre os teólogos bizantinos, quanto à natureza do sexo dos anjos. A visão mostrada pela Cabala não comporta esse tipo de discussão, pois na verdade não separa os sexos de forma absoluta; o masculino contém o feminino e vice versa. Isso encontra respaldo na biologia, pois geneticamente há predominância de um sexo ou do outro, mas não existe em o masculino e nem o feminino total.

           

Tudo na natureza tem que obedecer ao Principio do Gênero. Não há como alterar as seqüências, conforme se pode observar pela ilustração 3. Por exemplo, se for efetivada uma cisão na seqüência ocorrer uma coisa bem curiosa, visto na ilustração 3. ocorrerá uma recomposição

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ilustração 5

           

A parte negativa, com o seccionamento se recompôs + - e assim se iniciou uma outra seqüência em que, mesmo havendo ocorrido um seccionamento, a metade negativa se bi polarizou recompondo o gênero e fazendo com que o ponto inicial se mantivesse positivo, conservando-se assim a natureza do gênero.

           

A física não explica a razão de um imã, por mais se seccionado que ele venha a ser, sempre em cada fragmento há uma recomposição plena da polaridade. Aparentemente, o lógico seria ser dividido ao meio cada metade conservar a sua polaridade anterior, ou seja, uma parte ficar negativa e a outra metade positiva. Mas não é isso o que ocorre, cada metade torna-se um imã completo, há uma repolarização total. O lógico seria uma atenuação da “força magnética” com alteração proporcional da polaridade, uma atenuação da polaridade conforme o nível do seccionamento. Mas não é assim, pois, por próximo que se proceda, o seccionamento, a polaridade não sofre atenuação alguma, ela simplesmente se recompõe integralmente. A física não explica com clareza o porquê disto, em decorrência dela desconhecer o principio ao qual esse fenômeno está condicionado.

           

Todas as coisas no universo comportam-se dessa maneira, pois isso é uma decorrência do Princípio Hermético do Gênero.

             

Vamos examinar um outro ponto importante. Uma seqüência pode ser dividida, ou ampliada, mas não pode ser transformada em sua natureza, como mostramos antes. Também não pode haver reversão direta de uma seqüência. Por exemplo, o braço ativa o martelo, este ativa o prego, e este ativa (provoca) o orifício na tábua. A recíproca, porém, não é verdadeira, o orifício não pode originar o prego, este não pode originar o martelo e nem este o braço e assim por diante. Por este lado jamais qualquer evento poderia voltar à origem não fosse a possibilidade de um desvio através de uma outra seqüência associada. Mas uma outra seqüência, comandada naturalmente pelo querer, pode ser associada e então haver uma reversão de um processo. Por exemplo, o braço pode fazer com que o martelo seja decomposto em ferro, o ferro pode ser transformado partículas e essas em energia e assim sucessivamente até chegar à origem. Pode-se entender agora o porquê de um evento qualquer jamais retrogredir. No mundo imanente não há retrocesso, tudo caminha para diante, do passado para o futuro. Isso é que causa o tempo linear em um só sentido. (Vide ilustração 4). Nessa analogia, a partir do braço uma nova seqüência é estabelecida revertendo o processo, mas não pelo mesmo caminho e sim por um desvio, por um outro caminho, por uma outra seqüência associada. A volta à origem a partir de um ponto qualquer só é possível por um caminho paralelo, por uma outra seqüência associada. Mesmo que uma reversão seja feita a partir de um ponto feminino, ele só termina num ponto masculino. É como se uma seqüência fosse seccionada formatar-se uma outra cujo ponto superior só pode ser positivo, ativo, masculino, na origem. Seja por que caminho for que se efetive um retorno, e seja em que ponto for que o movimento seja interrompido, interceptado por uma outra seqüência que leve o processo ao seu início, o conjunto forma uma cadeia única e assim sendo haverá a conservação da polaridade inicial, como mostramos no exemplo da fig. 1. Esse processo sempre chega  ao início sempre na polaridade positiva, masculina, ativa.  Aquele ponto será positivo, masculino, pois todo pólo inicial é sempre positivo. Mesmo que uma cadeia seja seccionada num pólo negativo, passivo, receptivo, feminino, o ponto de seccionamento será positivo, ativo, masculino.

           

Na cadeia da problemática espiritual, seja em qual ponto haja em que ocorra um seccionamento a partir do qual venha a ocorrer o retorno, mesmo que a ruptura haja ocorrido num nível receptivo, negativo, feminino, com certeza aquele ponto será atingido no retorno e daí até a origem masculina.

 

O Princípio do Gênero tem uma imensa importância quando se deseja entender a manifestação das coisas na natureza. Nessa palestra mostramos alguns aspectos sobre esse ele, mas poder-se-ia escrever um tratado mostrando a manifestação do gênero na natureza. Acreditamos que, embora sucintas, essas noções possam levar aquele que meditar o que expomos a conclusões e mais conclusões deveras significativas.

 

 

 

[1] Masculino e feminino no Hermetismo são expressões apenas conceituais, polaridades de uma mesma coisa.

[2] O NDADA a que sempre nos referimos nessas palestras não é absoluto, e sim um nada relativo a todas as formas de percepção que o ser humano tenha. Existe algo, mas que por não haver possibilidade de ser detectado então é considerado NADA.

[3] Não estamos discutindo o direito ou não da homossexualidade, apenas estamos considerando o processo diante da dinâmica do universo.

[4] Todos esses termos masculino, feminino, positivo, negativo, têm um valor significativo. Isso não indica superioridade real. Assim quando se diz que ás coisas tem inicio pelo lado masculino, que o masculino é a causa primeira não significa superioridade do homem. São apenas termos convencionais, O termo mais adequado é ativo e receptivo. Positivo não no sentido de bom, melhor e negativo ruim, pior. Trata-se apenas o sentido de polaridade e por convenção os pólos são assim simbolizados na física.

 

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