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“Como a luz pode ser explicada a um homem nascido cego?”

O Princípio do Gênero - Complemento

 

Como o universo creado tende a voltar à origem vemos que em decorrência do Princípio do Gênero no final ele tem que chegar pelo lado oposto ao do início. Já vimos que no início foi pela vibração de MA, lado receptivo, passivo, feminino da Creação, embora que impulsionado por RA. Neste nível ainda não se pode falar de gênero, pois este ,como todos os demais Princípios Herméticos, só se fez sentir a partir do universo creado – mundo imanente – mas ao surgir a creação esta ocupou a posição de gênero passivo, receptivo, negativo, “feminino”.  A creação pode ser considerada passiva em relação ao creador.

Note-se que, seja qual for o processo ele tem que ter início sempre pelo positivo, pelo ativo. Tudo é fruto de uma ação logo ao agente ativo antecede o passivo.

 

Em todo processo que tenda a retornar ao início – processo cíclico – o ciclo só pode ser fechado com o gênero – polaridade – oposto ao inicial.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fig 1

 

Na creação a Primeira Luz – o Pai – Brahmâ – é o gênero passivo do Creador – Brahmân. Por sua vez o Pai – Brahmâ – embora seja passivo em relação ao Creador – Brahmân, – ele é ativo em relação a Kristos Vishnu. Enquanto isto Kristos é feminino, passivo em relação ao  Pai – Brahmâ – mas é ativo, masculino em relação à Sophia Shiva. Sophia é passiva, receptiva, e feminina  em relação a Kristos.

 

Diz a Gnosis de Hermes que a creação dos espíritos teve inicio em Sophia – no esquema da “Árvore da Vida” é Binah. A saída da Trindade se deu a partir de Sophia – Binah – gênero feminino. Os espíritos – também chamados de anjos – surgiram a partir do gênero feminino e tendem a retornar ao início fechando o ciclo das encarnações. Se a “queda” começou como feminina ela tem que terminar como masculino – em obediência ao Principio do Gênero – do contrário o ciclo não poderia ser fechado. Da forma como começou o desenvolvimento do espírito só pode ser fechado + -. 

 

Segundo a “Árvore da Vida” o périplo de encarnações começou em Binah – feminino – logo tem quer chegar ao início como positivo. Se o desdobramento começou por Sophia o processo tem que chegar ao fim como Khristos. Desde que o espírito começou o processo de envolvimento pela polaridade Sophia – feminina, negativa, passiva, – ela tem que sair dele pela polaridade Kristos – masculina, positiva, ativa – positiva. Evidentemente poderia ter ocorrido o inverso, mas como tal a indagação seria a mesma: por que começou pelo ativo? – Evidentemente, se não fosse por um teria que ser pelo outro. Todo espírito se purifica – chega ao fim do ciclo de encarnações – como masculino, mas isto nada tem a ver com sexo. Masculino e feminino são apenas conceitos.

 

Vale indagar o porquê da creação dos espíritos haver começado pelo gênero feminino, o porquê da “queda” foi a partir do gênero feminino e não do masculino. Pela fig.1 se pode entender isto e muito mais. Qualquer seqüência de eventos tem que ter início por um pólo, o qual é conceituado de negativo ou feminino. O pólo inicial sempre é gerador, sempre é a matriz primária. Na verdade qualquer seqüência pode começar por um pólo positivo – masculino – de uma seqüência maior, mas quando isto ocorre esse pólo passa a ser geratriz, conseqüentemente vem ser considerado feminino por ser a “mãe” do processo que se inicia a partir dele. Escolhamos um ponto qualquer da creação, a seqüência dos espíritos, por exemplo. Ela  começou por Sophia – Shiva –, mas poderia haver sido em Khristos – Vishnu (ativo, positivo, masculino da seqüência mais vasta. Mas então Khristos seria mãe – gênero feminino – na nova seqüência por ser a geradora, logo Khristos passaria a ser considerado feminino por ser a genitora.

 

Pela fig. 1 se pode ver que em qualquer ponto que se inicie a série o primeiro evento sempre o primeiro gênero será feminino, desde que seja obedecido o giro. Na verdade o giro do universo é uma conseqüência do Princípio do Gênero. O nosso universo – como já estudamos em outras palestras – ocorre no sentido anti-horário. Isto ocorre porque ele começou como está exposto na figura 1. Se alguém indagasse: E se houvesse começado no sentido oposto? – O primeiro gênero positivo passaria a ser negativo conforme explicamos antes. Na verdade não é o sentido do giro que dita a primeira polaridade, mas a primeira polaridade é quem dita o giro. Assim se pode ver a impossibilidade do universo girar em sem tido oposto.

           

Também podemos encontrar uma forma de entendimento do porquê da creação dos espíritos haver tido início na polaridade feminina. Começando pelo Creador do Universo – neste caso ativo – se chega a Sophia passiva. Mas isto não deve ser causa de melindres, pois sexo não conta como algo fundamental na creação, além do que, mesmo que Sophia ocupe o gênero feminino em relação a Kristos, por sua vez ela é masculina em relação a tudo aquilo que foi creado a partir dela.

Os gnósticos atribuíam o nome Sophia para indicar o gênero passivo, feminino em relação com Khristos. Em ordem ascendente Sophia é feminina em relação a Khristos, mas  quando se referiam à origem dos espíritos em vez da palavra Sophia – feminino – eles usavam o termo Demiurgo – masculino.

           

Seja por que caminho for que se efetive um retorno, e seja em que ponto for que o movimento seja interrompido, interceptado por uma outra seqüência que leve o processo ao seu início o conjunto forma uma cadeia única e assim sendo haverá a conservação da polaridade inicial, como mostramos no exemplo da fig. 1. Chegará ao inicio no gênero oposto. Aquele ponto gerador inicial será negativo, feminino, passivo, receptivo, enquanto o ponto de retorno será positivo, masculino, ativo, para que o ciclo possa ser fechado. Mesmo que uma cadeia seja seccionada num pólo negativo, passivo, receptivo, feminino o ponto de seccionamento será positivo, ativo, masculino.

           

Na cadeia da problemática espiritual, seja em qual ponto haja ocorrido um seccionamento a partir do qual venha a ocorrer o retorno, mesmo que a ruptura haja ocorrido num nível receptivo, negativo, feminino, com certeza aquele ponto será atingido no retorno pelo gênero oposto afim de que o ciclo – Fig. 1 – possa ser fechado.

 

O Princípio do Gênero tem uma imensa importância quando se deseja entender a manifestação das coisas na natureza. Nesta palestra mostramos alguns aspectos sobre esse Princípio; mas poder-se-ia escrever um tratado completo sobre ele mostrando a manifestação do gênero na natureza. Acreditamos que, embora sucintas, essas noções possam levar aquele que meditar o que expomos a conclusões e mais conclusões deveras significativas.

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